14 de dez. de 2010

Ele achava que o método era infalível, perfeito,
quando tudo veio abaixo, no entanto, soube
abaixar a cabeça e resignar-se - não havia outra saída.
Provavelmente havia pulado direto da fase oral
para a ordem simbólica, por isso, talvez,
fosse tão reprimido. Sentia falta do que não teve,
sentia falta de olhar de frente para um espelho,
sem que alguém olhasse de volta com um ar de
reprovação. Nunca soube, é bem verdade,
lidar com a ideia de ter falhado, preferia logo
não tentar. Foi assim que conheceu Beatriz,
mas isso já uma outra história que, no entanto,
está presa como um motivo preso, sem o qual,
a trama, portanto, não pode, nem deve, continuar.
Sim, sim, eu sei, isso não era pra ser um poema,
só faltam capítulos, parágrafos, um herói, porque
já temos o necessário para começar uma fábula:
ao menos dois personagens, eu e você, perdida-
mente, perdidos, procurando, em vão, por um
outro motivo para continuar, ou morrer, de vez.