14 de dez. de 2010

Ele achava que o método era infalível, perfeito,
quando tudo veio abaixo, no entanto, soube
abaixar a cabeça e resignar-se - não havia outra saída.
Provavelmente havia pulado direto da fase oral
para a ordem simbólica, por isso, talvez,
fosse tão reprimido. Sentia falta do que não teve,
sentia falta de olhar de frente para um espelho,
sem que alguém olhasse de volta com um ar de
reprovação. Nunca soube, é bem verdade,
lidar com a ideia de ter falhado, preferia logo
não tentar. Foi assim que conheceu Beatriz,
mas isso já uma outra história que, no entanto,
está presa como um motivo preso, sem o qual,
a trama, portanto, não pode, nem deve, continuar.
Sim, sim, eu sei, isso não era pra ser um poema,
só faltam capítulos, parágrafos, um herói, porque
já temos o necessário para começar uma fábula:
ao menos dois personagens, eu e você, perdida-
mente, perdidos, procurando, em vão, por um
outro motivo para continuar, ou morrer, de vez.

16 de nov. de 2010

Tablas de conjugación

Había doce tablas –
Y todos las sabían bien.

Doce profetas –
Pero nadie los conocía.

Doce mujeres –
Aunque ninguna supiese cocinar.
(Él me dijo después,
Frente al pelotón de fusilamiento,
Que se quedó enamorado de todas ellas)

Veinte y tres niños,
y
solamente
dos
tontos.

(Nosotros creímos que nos decían la verdad
durante las clases).

15 de nov. de 2010

(A)bunda(va) - para Lorenzo

Perdi de vista a(s) bunda(s)
branca(s), redunda(s), reluzente(ssss),
agora só vejo uns rasgos tímidos
que não merecem ser chamados
bunda. Ah, mas um dia, hei de voltar
a ver tanta bunda quanto possa
embriagar-me, fartar-me em bunda
em ipanema, em manguinhos, ou na
suja camburi de minha infância
(suja de merda e óleo - que também
me lembram de ti, oh, bunda)

10 de nov. de 2010

O lápis sem ponta

Fazer um poema apológico
Falando sobre as desventuras de um lápis sem ponta
nas mãos de um leitor virtual
- uma tábula rasa -
escrevendo uma história sem personagens
(ou finais felizes)
mas que fale sobre uma cidade que não existe
num lugar que ninguém conhece
numa língua que ninguém entende.

7 de nov. de 2010

Lnagauge

If I were rich
I would travel all around the world
learning as many languages as I could
- and hearing all kind of amazing stories.

But I am just a poor reader
who is trying to write a different story
- which I was not suppose to... (In fact, if I were smart,
I would beg for help
and complain about everything -
That is what they were expecting, at least)

So, I am going to do
E-X-A-C-T-L-Y
the same - and nobody will understand
Why I
D-A-R-E.

2 de nov. de 2010

La basura de claudia

Claudia fue la primera mujer por quién me enamoré.
Yo hablaba con ella mientras pulía los platos de mi mamá - mirándola por bajo de sus faldas.

Cuando iba a dormirme
una Claudia enorme
con senos enormes
Venia por encima de mí.

18 de out. de 2010

Las leyes del reino encargan con esmero
la arroba de lana en el mismo lugar
se aprecia en ocho reales
lleva el principal de tres pesos cuatro reales
el diñero nos es de verdad
No puedo lograr ningun en lo reino
--pero es una inmensa utilidad la que se proporciona al extranjero
Facilitándole con la abundancia
las primeiras materias que van servir a este provecho.

No pasa nada. No pasa el tiempo, tampoco.

6 de set. de 2010

Violino ao fundo
em um bordel de vírgulas
- há alguns pontos disfarçados -
o Trema, ex-cafetão do lugar,
foi encontrado morto (dizem que caiu de cima da linguiça).
Os acentos não querem trabalhar hoje,
achando que podem ser os próximos.
Menos a crase, pedante, orgulhosa,
que ri do infortúnio do ex, enquanto me serve mais uma.

Observava tudo,
até que dois pontos me colocou pra fora
com empurrões

depois descobri:
uma jovem vírgula - enciumada -
me acusou de bater nas teclas com força demais.

1 de set. de 2010

por que deixo os títulos em branco?
pra
ninguém identificar meus crimes
não deixo pistas fáceis
impressões digitais
imagine
fazer um texto
sem acento

sem palavras desconexas
sem argamassa

sem gra(cedilh)a
mira las hojas de la solera
mira los senos de la lechera -
aun que ella no quiera