I
Na igreja onde deflorei uma flor já gasta,
Jaz minha infância casta.
Com ela ficou minha inocência, basta.
II
Minha virgindade ficou no quintal,
ah, titia, aquele avental,
fazer subir a pipa, já não é nada!
III
Aqui jaz Jão Manel Fernandes,
Pai álcoolatra e marido brocha.
Que na morte sejas duro, Ó corno.
IV
Faça-se saber que faleceu Maria da Gloriosa Assunção,
Os parentes não vão receber pêsames,
Porque afinal de contas a velha era uma chata,
então ninguém deve resignar-se. Ao invés de velório,
Será feita uma Rave no cemitério municipal de Maruípe.
Todos estão convidados; drogas liberadas.
V
Já era tarde
quando descobri que me ensinaram tudo errrado...
Não é possível localizar esse discurso no tempo e no espaço.
Aqui jaz o nada.
Não deixem flores.
VI
Quando saí do morro pela primeira vez,
vi como são burras as crianças que têm pai.
Morreu minha inveja,
aí.
VII
Aqui Jaz João Ninguém.
Indigente de pai e mãe.
Amado pai e esposo.
Descanse em paz.
- Oliveira
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